Desemprego no Reino Unido ao mais alto nível desde 2021

Londres - Novos dados oficiais mostram que o mercado de trabalho do Reino Unido está a enfraquecer, com um aumento notável no desemprego e um declínio contínuo nas vagas de emprego.
A taxa de desemprego no Reino Unido subiu inesperadamente para 4,8%, o nível mais alto desde o pico da pandemia de Covid-19 no início de 2021, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatísticas (ONS). O aumento de 4,7% nos três meses até agosto sinaliza um arrefecimento do mercado de trabalho, à medida que as pressões económicas persistem.
Os dados revelaram um quadro misto, com um número recorde de 1,7 milhões de pessoas com mais de 65 anos atualmente empregadas — um sinal que, segundo os especialistas, pode indicar dificuldades financeiras para as famílias. Por outro lado, o emprego entre os jovens caiu significativamente, com quase 111 000 menos pessoas entre 25 e 34 anos nas folhas de pagamento dos empregadores em comparação com o ano anterior.
«Vemos padrões diferentes entre as faixas etárias, com um número recorde de pessoas com mais de 65 anos a trabalhar, enquanto o aumento do desemprego foi impulsionado principalmente pelos jovens», disse Liz McKeown, diretora de Estatísticas Económicas do ONS.
CRESCIMENTO SALARIAL ARREFECE COM A QUEDA DAS VAGAS
O relatório também indicou uma desaceleração no crescimento salarial. O salário regular, excluindo bónus, cresceu a uma taxa anual de 4,7%, abaixo do período anterior. Quando ajustado pela inflação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), o crescimento real dos salários caiu para 0,9%, o seu nível mais baixo em dois anos.
Noutro sinal de enfraquecimento do mercado de trabalho, as vagas caíram pelo 39.º período consecutivo, diminuindo em 9.000 para 717.000 no trimestre até setembro. A estimativa inicial para os funcionários assalariados também mostrou uma queda de 10.000 em setembro.
Apesar das tendências negativas, alguns analistas apontaram sinais de estabilização. «Após um longo período de fraca atividade de contratação, há sinais de que as quedas que temos visto tanto no número de empregados como nas vagas estão agora a estabilizar», observou McKeown.
REAÇÕES POLÍTICAS E ECONÓMICAS
Os números suscitaram críticas políticas imediatas. A ministra-sombra do Trabalho e Pensões, a conservadora Helen Whately, culpou o governo, afirmando: «A única coisa que cresce sob o governo trabalhista é a fila do desemprego e a dívida nacional.» Ela acusou o governo de ter «morto o crescimento e destruído empregos e meios de subsistência».
Economistas alertaram que os dados representam um desafio complexo para os formuladores de políticas. Martin Beck, economista-chefe da WPI Strategy, comentou que, embora o pior do enfraquecimento do mercado possa estar a passar, «o mercado de trabalho continua mais frágil do que em qualquer outro momento nos últimos anos».
Os dados também têm implicações para a política monetária. Matt Swannell, conselheiro económico-chefe do EY Item Club, sugeriu que, apesar da queda no crescimento dos salários, é improvável que o Banco da Inglaterra volte a reduzir as taxas de juro até 2026, uma vez que procura evidências mais convincentes de que as pressões inflacionárias estão a diminuir.
PENSIONISTAS VEEM UM LADO POSITIVO
Numa notícia positiva para os pensionistas, o valor do crescimento salarial, incluindo bónus — uma métrica fundamental para o triplo bloqueio das pensões do Estado — foi revisto para 4,8%. Isto significa que o aumento das pensões do Estado em abril próximo provavelmente será maior do que o previsto anteriormente.
— Jornal As Noticias UK